21/03/2011

O artista entrevistado desta semana é o fotógrafo Flavio Samelo. Desde 1992 ele anda de skate e fotografa o esporte. No começo de sua carreira, chamou atenção ao acrescentar elementos urbanos, como graffitis, pixações e postes, às imagens dos skatistas. Agora, ele trabalha na mistura entre fotografia e pintura concreta.

Você começou sua carreira fotografando skatistas e grafiteiros. Pode nos contar um pouco sobre essa experiência?

Eu andava de skate no Zona Norte Skatepark direto, com vários skatistas que hoje são super conhecidos, como o Bob Burnquist, Marcus Kamau, Robson Reco, James Bambam e tantos outros. Eu não andava bem como eles, e para continuar andando com meus amigos, sem me sentir constrangido ou desmotivado pela diferença técnica no skate, inventei que era fotógrafo e comecei a me dedicar a isso. Vários dos skatistas faziam graffiti e pixação. Fui aprendendo um pouco dessas outras culturas e agregando aos poucos ao que eu fazia com skate.

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Qual é a importância das intervenções artísticas no espaço urbano?

Acho que a arte em geral tem a função de contestar, questionar, colorir e chamar a atenção de alguma forma. Em São Paulo, que é uma cidade pesada, agressiva e super agitada, a arte que é feita na rua mostra pontos de vistas diferentes de uma realidade de massa, que muitas vezes não é percebida pela grande maioria, até que algum desses artistas mostra isso de outra maneira.

Como foi a experiência de desenvolver um tênis exclusivo para uma marca esportiva ? Qual foi o maior desafio?

Foi uma experiência muito prazerosa e sem dúvida desafiadora em função do suporte calçado. Sem a ajuda do Fabrício da Costa (designer) e a Ingrid Abdo (Nike), nada ia acontecer. Eles tinham todo o conhecimento técnico do calçado, e conversando com eles sobre o projeto fui passando idéias minhas sobre o que poderia fazer com um tênis, e o resultado foi satisfatório para todos envolvidos. Até hoje, mesmo após 5 anos do lançamento, e estando esgotado, ainda vejo o tênis no E-bay, na Nova Zelândia e nos Estados Unidos.

Porque você decidiu estudar história da arte? O curso modificou seu modo de trabalhar?

Eu estava sentindo falta de conteúdo nas coisas que estava produzindo na época, e sabia que seria através de outras referências que isso seria resolvido. Busquei essa pós pois gostei das matérias e das aulas. Logo no começo do curso minha cabeça já mudou completamente em relação às coisas que eu via de arte, e até em relação ao meu próprio trabalho. Comecei a me preocupar muito mais com arquitetura e estudos em fotografia oitocentista, por exemplo.

Atualmente, você mistura a fotografia com a pintura. Qual é a importância desta técnica no resultado final? Já fez ou pretende fazer trabalhos somente com pintura?

Tenho feito isso pois foi a maneira que eu resolvi uma problemática na minha produção, que era juntar fotografia e pintura em um trabalho só. Estou pesquisando muito sobre qual tipo de papel devo usar com qual tinta, e outras coisas para tentar tirar o melhor proveito disso. Fiz vários trabalhos só com pintura, tenho feito muitos estudos só com tinta para ver as possibilidades desse material.

flaviosamelo2Obras expostas na CAP

Seu trabalho influencia seu modo de se vestir?

Acho que sim, tudo influencia.. Eu gosto de usar bermudas que tenham uns bolsos secretos quando estou pintando ou fotografando para colocar pincéis ou filmes, e acabo usando essas mesmas bermudas quando não estou fazendo fotos ou pintando.

Você costuma trabalhar ouvindo música? Quais são seus artistas preferidos?

Isso varia muito. Tenho uma coleção de LPs de jazz brasileiro dos anos 50 e 60 que eu levo sempre em mp3 quando vou pintar em algum lugar. Sempre começo com isso na maioria das vezes, mas acabo escutando de tudo: Coltrane, Monk, Brubeck, Jay Z, Hieroglyphics, Nirvana, A Tribe, Luis Prima, Pharcyde, All, Pogo, Mac Rad e ultimamente tenho escutado muito Temper Trap, mas tem muita coisa, meu iTunes tem quase 60.000 músicas, sempre no shuffle!

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Confira mais sobre o artista em seu site.

As obras de Flavio Samelo ficam em exposição na CAP Gallery (Cavalera Art Projects) até 31 de março.

Cap – Cavalera Art Projects
10 de fevereiro a 31 de março de 2011
Alameda Lorena, 1922 (São Paulo)
Informações: (11) 3061-2356

18/03/2011

BALADA

Nesta sexta-feira, o Clube Glória faz uma festa especial em homenagem à Britney Spears! O traje obrigatório é imitar a popstar! Se você está em São Paulo e é fã da cantora, vale a pena conferir!

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Clube Glória
Rua 13 de maio, 830 – Bela Vista – São Paulo
A partir das 23h – R$ 35,00 (porta), R$ 25,00 (lista no site) ou R$20 (flyer)
www.clubegloria.com.br

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SHOWS

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Ziggy Marley – O filho de Bob Marley volta ao Brasil após cerca de cinco anos. Depois do show do dia 12 em Salvador, ele toca no Rio neste dia 18 de março, na Fundição Progresso.
Rua dos Arcos, 24 – Rio de Janeiro
Informações: (21) 2220-5070

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Junto com o cantor, a colombiana Shakira se apresenta no sábado em São Paulo. Ela é a atração principal do Pop Music Festival, que traz também a banda Train e o DJ Fatboy Slim.

Estádio do Morumbi
Dia: 19 de março de 2011
Horário do show: a partir de 17 horas

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Isabella Taviani - Cantora destaque da MPB contemporânea se apresenta no Teatro Rival Petrobras nos dias 17, 18 e 19 de março.
Informações: www.rivalpetrobras.com.br
Rua Álvaro Alvim, 33/37 – Rio de Janeiro.

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TEATRO

Os Cafajestes – A comédia musical traz os machistas Onório, Estevão, Alencar e Alfredinho, que cantam e dançam, tratando sempre da complicada relação entre homens e mulheres.
Teatro Módulo – Avenida  Professor Magalhães Neto 1177 – Pituba – Salvador (BA)
Sextas e sábados,ás 21h00 e domingos (às 20h)
Informações:  (71) 3354-6654

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EXPOSIÇÃO

A exposição Próximo Olhar continua em cartaz na CAP – Cavalera Art Projects

Aproveite e saiba um pouquinho mais sobre alguns dos artistas que estão expondo:

Sidney Amaral
Choque Photos
Monica Rizzolli
Anderson Resende

Cap – Cavalera Art Projects
10 de fevereiro a 31 de março de 2011
Alameda Lorena, 1922 (São Paulo)
Informações: (11) 3061-2356

14/03/2011

O artista Sidney Amaral é mais um dos artistas que fazem parte da exposição atual da CAP Gallery. Formado em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), estudou pintura acadêmica e fotografia e hoje atua também como professor.

Sidney Amaral recria objetos do dia a dia em bronze, mármore, resina e porcelana. Confira a entrevista:

proximo-olhar_cavalera_11022011_fmelgarejo_028(Sidney Amaral e uma de suas obras na CAP Gallery – Foto por Flavio Melgarejo)

Porque você cursou a faculdade de artes plásticas? O que o motivou?

Na verdade eu queria fazer publicidade, mas fui me enfiando cada vez mais no universo da pintura e acabei me apaixonando. Não saberia fazer outra coisa que não estivesse ligada as artes visuais. Foi acontecendo naturalmente, fui fazer faculdade de artes, frequentar exposições, museus, pesquisar sobre artistas…

Como são feitas as peças em metal? Como são moldadas?

Meu processo consiste em apropriações do real reformuladas em bronze, geralmente polido de modo a evocar relações com questões como valor, religiosidade e permanência.

O processo de fundição destas peças parte de um molde feito em silicone e depois feito em cera perdida (é feita uma peça igual a real, só que em cera); Em seguida, é realizado um processo de queima desta cera coberta com uma capa de luto, que é feita de areia do mar e gesso. Quando ela é queimada, resta o vazio da forma, de modo que quando o metal está bem aquecido, é jogado dentro desta forma, produzindo assim a peça em bronze.

Às vezes eu modelo algumas de minha peças em argila ou gesso, como no caso da tesoura orelha (“Se minhas palavras não forem melhores que o silêncio”)

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Você trabalha com desenho, pintura e metal. Tem algum estilo preferido?

Acredito que nada seja mais absurdo que o real, de modo que prefiro transitar entre vários estilos. Depende muito do meu entender o mundo naquele momento para definir um trabalho ou um estilo, mas admiro muitos artistas desde a antiguidade até hoje. Mas poderia citar os artistas do novo realismo que mais me marcaram, em especial Yves Klein.

Você costuma ouvir música quando está criando? Quais são seu CDs preferidos?

Nekka, Nina Simone, Arnaldo Antunes , Bjork, Milles Davis…

Você procura refletir seu estilo artí­stico na hora de se vestir? Tem alguma preocupação com moda?

Na verdade gosto de me distanciar do meu trabalho para uma reflexão mais apurada do que faço. Sendo assim, se me vestisse como produzo, acredito que não teria esse distanciameto da obra.

Quanto à moda, eu sou básico : jeans, t-shirt e tênis ou bota, mas adoro revistas de moda!

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Quais são suas principais referências artí­sticas?

Como citei acima, são vários, mas Yves Klein é um deles; Velazquez , Bispo do Rosario, Farnese, Valtercio Caldas, Emanoel Araujo Iran do Espirito Santo entre tantos.

Admiro artistas que conseguem potencializar o banal com um olhar apurado, acho que é por ai que a arte reside…. em fazer ver a invisibilidade do visí­vel.

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Confira mais sobre o artista em seu Flickr.

As obras de Sidney Amaral ficam em exposição na CAP Gallery (Cavalera Art Projects) até 31 de março.

Cap – Cavalera Art Projects
10 de fevereiro a 31 de março de 2011
Alameda Lorena, 1922 (São Paulo)
Informações: (11) 3061-2356

28/02/2011

Continuando nossa série de entrevistas com os artistas da Próximo Olhar – exposição atual da CAP (Cavalera Art Projects), hoje é a vez de Monica Rizzolli.

A artista nasceu em São Carlos e teve contato com a arte desde criança. Sobrinha e bisneta de pintores, passava dias brincando com os apetrechos do avô. Na adolescência começou a copiar seus personagens preferidos de histórias em quadrinhos e, em seguida, apaixonou-se pela gravura.

O quadro que está exposto na CAP faz parte de uma série sobre as etapas da vida das crianças. Pode nos contar um pouco mais sobre esta série?

O desenho “Superação”, exposto na mostra Próximo Olhar da CAP, é parte de uma série de 10 desenhos chamada “Amigos Imaginários”. Nos desenhos dessa série, crianças são representadas interagindo com seus amigos imaginários em forma de animais.

Através dessa relação com os “animais” a criança aprende conceitos abstratos, projeta medos e até mesmo encontra companhia para sua solidão. Esses diferentes tipos de relações são exploradas em cada desenho da série.

No caso do desenho “Superação”, a criança aponta em uma direção e o macaco olha para outra. Como se um uma encruzilhada cada um escolhesse um caminho diferente. Nesse desenho eu queria explorar o momento em que a criança vence a necessidade de um amigo imaginário, um momento de despedida e superação.

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E porque você resolveu explorar este tema?

Foi quase um acaso. Eu fiz um sketch de uma criança com um cachorrinho e ele ficou meses afixado na mesa. Eu olhava todos os dias para ele sem saber o que fazer.

Numa manhã eu acordei e meio sonolenta imaginei a criança chamando o cachorro de muito longe, e todo mundo sabe que os cachorros escutam a voz de seu dono a distâncias que ninguém mais poderia, era como se só ele pudesse vir ao seu encontro. Assim surgiu o primeiro desenho da série, chamado “Amplificação”.

Quais foram suas maiores referências para elaborar esta série?

Minhas memórias de infância, textos de psicologia infantil, livros sobre a fauna e, principalmente, os relatos da minha mãe.

Nas suas obras você sempre explora as relações humanas. O tema é realmente alvo da curiosidade de vários artistas, mas porque você resolveu seguir esta linha? O que mais te atrai neste tema? Você já realizou trabalhos sobre outros temas? Tem vontade?

O que é ser humano? Essa pergunta simples é fonte de muita inquietação. É também uma pergunta inesgotável da qual derivam infinitas possibilidades temáticas. É ela que me incita a olhar para as relações humanas, ou seja, para nós mesmos.

Mas em uma pintura existe algo além desse tema, no caso, o tema das relações humanas. A pintura também fala sobre si mesma, sobre a história da pintura, da cor e das formas. Toda pintura também é autoreferencial, sendo tema de si mesma.

Em uma entrevista, você diz que comprou um caderno chinês, onde se escreve da direita para a esquerda, o que te impede de ler enquanto escreve e permite que você libere mais seus pensamentos. A experiência deu certo? Como essa técnica se refletiu nos seus novos trabalhos?

Deu muito certo! Pela primeira vez eu consegui escrever sem medo e sem autocrítica.

Isso refletiu de duas formas no meu trabalho: por ser um exercício de espontaneidade me ajudou a ter mais naturalidade nos processos de criação; e por exercitar a orientação de leitura da direita para esquerda (contrária a nossa orientação ocidental) me ajudou a criar composições com o mesmo padrão formal.

Qual é o papel da música quando você está trabalhando? Quais artistas você mais gosta de ouvir nestas horas?

Pintar, desenhar e pesquisar são atividades muito solitárias, a música traz um conforto e dá ritmo para o trabalho. Muitas vezes a música também é referência, fonte de informação e nesses casos influência para o trabalho.

O que eu escuto varia de tempos em tempos, atualmente estou ouvindo Florence and The Machine, Alva Noto & Blixa Bargeld e Daft Punk (Tron Legacy).

Recentemente você saiu dos desenhos para a pintura. Na obra exposta na galeria, podemos notar uma mistura de estilos. Você pretende continuar nesta linha?

A série “Amigos Imaginários” foi uma série de transição, nela as composições misturam pintura e desenho. Aos poucos os elementos do desenho foram diminuindo até que no último trabalho da série, Superação, os elementos da pintura são predominantes.

Depois dessa série eu mergulhei de vez na pintura, meio que estou explorando atualmente.

Quais são seus materiais preferidos para trabalhar?

Gouache e nanquim sobre papel ou acrílica e vinílica sobre tela.

Quais são seus artistas preferidos? E suas maiores influencias?

Eu não saberia pontuar meus artistas preferidos mas algumas referências importantes para o meu trabalho são: os textos de Kandinsky, a pesquisa de Arnhein e Mandelbrot, a simbologia dos padrões islâmicos, as teorias da Bauhause e Josef Albers, os naturalistas do séc. XIX.

O seu trabalho influencia seu modo de se vestir?

Muito e de várias formas. Eu tenho a tendência de olhar para a roupa como eu olho para a pintura: uma composição de cores e formas.

Mas o contrário também é verdadeiro, muitas vezes são as roupas que influenciam o meu trabalho. Um vestido europeu do século XV, por exemplo, é repleto de padões, estruturas e sobreposições que podem ser uma ótima fonte de inspiração.

Eu também sou fascinada por padronagens e sempre estou pesquisando e fotografando tecidos e pretendo criar em breve minha própria estampa.

Acesse o site da artista

Exposição Próximo Olhar

Cap – Cavalera Art Projects
10 de fevereiro a 31 de março de 2011
Alameda Lorena, 1922 (São Paulo)
Informações: (11) 3061-2356