A desenhista e designer Thais Ueda formou-se em propaganda e marketing e em desenho industrial. Após trabalhar para agências de publicidade durante 10 anos, a artista viajou para o Japão para estudar design gráfico. A partir de então, Thais Ueda começou oficialmente seu trabalho artístico, e já participou de diversas mostras por todo o país.
Agora, ela faz parte da exposição “Próximo Olhar”, da CAP. Conheça um pouco mais sobre seu trabalho:
Seu trabalho é focado especialmente em retratos de mulheres. De onde surgiu a vontade de trabalhar este assunto?
Quando pensei sobre o que gostaria de trabalhar, escolhi algo que – aparentemente – eu conhecia de melhor: a mulher. Decidi sem intenção de levantar uma bandeira ou questões de igualdade dos sexos. Acho que cada artista escolhe o que lhe é mais familiar em seu universo ou algo que se identifique para transmitir suas emoções, sentimentos, medos…
Você tem vontade ou já trabalhou outros temas?
Já trabalhei desenhando gatos e insetos. Insetos são bichos que me fascinam e ao mesmo tempo me enchem de pavor. Também estou planejando iniciar uma série inspirada em dança, em especial, a de butô (dança japonesa).
Porque você escolheu o nome artístico Hana*bi?
Quando comecei a estudar japonês, o que mais me encantava era o estudo dos ideogramas. Em poucos símbolos, existiam muitos significados. Hana*bi é a junção dos ideogramas de flor e o de fogo, que juntos, significam fogos de artificio. Acho os fogos de articificios algo lindo de se ver, são luzes que hipnotizam, e duram tão pouco… Hana*bi é um nome que fala um pouco sobre o etéreo, sobre a fragilidade e beleza e ao mesmo tempo existe a agressividade e destruição do fogo.
Você utiliza diversas técnicas, como o crochê e a pintura. Tem alguma preferida? Como aprendeu o crochê?
Gosto de muitas coisas e foi dificil escolher em quais eu queria me aprofundar.
O crochê aprendi por acaso; nunca tive mão boa para costura ou trabalhos manuais que envolvessem números (contagem de pontos, medidas, etc). Uma amiga que conheci virtualmente me ensinou crochê de um modo diferente e acho que por isso que consegui aprender. Já a pintura, desenho desde pequena, e alguns anos atrás também tive influência do shodô (caligrafia japonesa) no pincel.
Quais são suas maiores influências na hora de criar?
O que me influencia na hora de criar é o que estou sentindo. Sempre me pergunto: “o que estou sentindo hoje?” ou “sobre o que eu quero falar?”. Esse é o meu ponto de partida.
Você desenvolveu um trabalho em parceria com seu marido. Quais são as maiores dificuldades e benefícios de se trabalhar com outro artista tão intimo?
A vantagem é que conseguimos viver do que gostamos 24 horas por dia, ele entende minha rotina, minhas dificuldades e eu entendo o lado dele. Decidimos separar bem as coisas na questão do trabalho, cada um tem o seu atelier, seus livros, é importante manter a individualidade de cada um … No mais, acho que todo casal tem seus desentendimentos, brigas…
Você costuma trabalhar ouvindo música? Quais são seus músicos preferidos?
Não consigo escutar música enquanto eu desenho, porque é como se eu entrasse num transe, entre eu e o desenho. Gosto de estar atenta ao que o desenho tem a me “dizer” – apesar de fazer anotações e esboços, existe muito do acaso quando estou no processo de criação. Desenho no silêncio.
Quando faço alguma pesquisa, aí sim consigo estar mais relaxada e escutar uma música… aí vai desde rock até música brasileira.
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Confira mais sobre a artista em seu site.
As obras de Thais Ueda ficam em exposição na CAP Gallery (Cavalera Art Projects) até 31 de março.
Cap – Cavalera Art Projects
10 de fevereiro a 31 de março de 2011
Alameda Lorena, 1922 (São Paulo)
Informações: (11) 3061-2356