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O Brasil é enorme, altamente rico no que se trata de arte, cultura e sabedoria própria. Em datas como a de hoje gostamos muito de pensar sobre os pontos negativos do nosso país, mas perceber que, mesmo entre dificuldades e problemas, o Brasil consegue se projetar de formas lindas para o mundo, isso é essencial para vivermos bem. Um exemplo dessa projeção é o caso dos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, os famosos OSGÊMEOS.
Formados em desenho de comunicação, os irmãos começaram a grafitar em 1987 no bairro do Cambuci, em São Paulo. Com sua estética cheia de personalidade, os Gêmeos acabaram sendo vistos não só no Brasil, mas também no mundo, e se tornando, pouco a pouco, referência no estilo da street art brasileira. Os caras tem trabalho em cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre muitos outros países, e retratam em suas obras desde momentos singelos quanto críticas sociais e políticas. OSGÊMEOS estamparam, inclusive, um lenço da grife Louis Vuitton.
Post categorizado como: Uncategorized - por cavalera @ 01:40
A arte de rua é cada dia mais popular no lado ocidental do globo, mas, mesmo neste cenário, ainda é tratada de forma marginalizada em muitas situações e por diversas pessoa. E você já imaginou como se dá a questão da street art em países com regimes de governo tão diferentes do nosso, como Egito e Tunísia?
A comunicação é elemento vital em momentos revolucionários como estes países vem enfrentando, e como diz o velho jargão, “uma imagem vale por mil palavras“. Por isso, a arte de rua se mostra muito importante para que questões e ideais sejam comunicados. A forma de expressão foi tão evidente e significativa que uma exposição foi montada nos EUA para mostrar para o mundo o que foi documentado e ilustrado nos muros dos países árabes, a exposição “Creative Dissent”, no Museu Nacional Árabe-Americano, em Dearborn, Michigan. A revolução e a subversão ao sistema aparece presente em cada uma das artes, confira:
Curtiu? Consegue enxergar a política infiltrada nesses muros?
O jovem fotógrafo, de apenas 25 anos, já é conhecido na cena artística por retratar temas polêmicos, principalmente o mundo da pixação. O artista, inclusive, participou da última Bienal de Arte de São Paulo, onde expôs um conjunto de fotografias e um vídeo de flagrantes deste mundo desconhecido para a maioria das pessoas.
Confira a entrevista que a equipe da Cavalera fez com o artista.
Você já conhecia pichadores? Já pichou também? Qual é exatamente o seu envolvimento neste universo?
A pixação de São Paulo é a maior intervenção urbana do mundo, e não há precedentes na história da humanidade para o que está ocorrendo nesta cidade.
É uma intervenção urbana de atitude e estética muito singulares, e que surgiu fruto da desigualdade social latente desta cidade. A pixação durante os seus 30 anos de existência foi tratada e estudada somente na esfera policial.
Eu, que já reparava na pixação durante minha adolescência, busquei pesquisas acadêmicas sobre o tema, mas nada encontrei de relevante. Portanto, decidi produzir esta pesquisa iconografica sobre a pixação de São Paulo para suprir esta demanda reprimida que existia. Sempre achei inacreditável que algo desta magnitude em termos de abrangência espacial e contexto socio-politico nunca tivesse sido fruto de algum estudo de peso.
O ensaio dos Pixadores em Ação que expus na 29ª Bienal de Artes de São Paulo é somente uma parte desta pesquisa. Há muito mais a ser mostrado, o produto final será um extenso documentário em livro que em um futuro próximo estará disponível nas principais livrarias.
O seu trabalho sempre traz uma grade carga de crítica social. Você acaba sofrendo retaliação devido a estas críticas?
Sofro sim retaliações, algumas verbais, outras físicas e até mesmo jurídicas. Mas nada disso estremece meu espírito. Na verdade, só reforça minha vontade de seguir em frente, pois cada retaliação que sofro é um indicador claro de que meu trabalho é eficaz no que se propõe a fazer.
O que me perturba é o silêncio… e este, eu trabalho focado para nunca escutar.
Acorda o Sonho Acabou – Choque Photos
Na CAP, você expôs um quadro que mostra um homem morto. Você poderia nos contar a história deste retrato? Como foi a experiência de se deparar com um cena tão chocante?
O homem retratado no quadro foi alvejado e depois carbonizado vivo. Este crime ocorreu durante uma semana em que o PCC carbonizou outros 14 indivíduos, muito provavelmente por acerto de dívidas. Fotografei 2 destes 15 para um grande jornal paulistano.
A compreensão do trabalho se dá na relação paradoxal que há entre a terrível cena retratada e a moldura de estilo tradicional burguês, um estilo fruto da arte feudal.
Como a moldura e o vidro estão quebrados e envelhecidos, isto faz com que a fotografia salte ao olhar do expectador, especialmente a parte sem vidro, tornando-a quase palpável e muito mais do que somente um registro de um assassinato. A relação que há entre estes dois elementos – o homem carbonizado e moldura tradicional – nos fala de um modelo de sociedade que já não funciona mais.
É que nós ainda não temos o distanciamento histórico para perceber, mas o neoliberalismo (que para mim é o último degrau do pensamento predatório, aristocrático e capitalista), quebrou com a crise do setor imobiliário nos EUA, a partir do momento que o Governo teve que injetar dinheiro nas instituições privadas para evitar um novo crash. Infelizmente, vivemos em uma era em que a única liberdade respeitada e ferozmente defendida é a liberdade de consumo… O neoliberalismo é a ordem mundial da vez, mas não por muito mais tempo. Felizmente, o homem progressivamente está aprendendo que existem limites. O planeta não é nosso; dividimos espaço com outras formas de vida e termos que respeitar isto.
Da série ENCLAVE: Círculo Vicioso
Como surgiu o seu pseudônimo?
Choque Photos é um pseudonimo escolhido para representar o estilo fotográfico da minha preferência.
Gosto do fotojornalismo, pois é uma fotografia de embate, pode ser utilizado como um instrumento de legítima defesa pessoal ou coletiva. Uma única boa foto pode representar um conceito de mil palavras que pode abalar a vida de alguém positivamente. Meu maior prazer e propósito, e acho que também de todos os artistas, é abalar as “verdades” e “certezas” de uma pessoa através da obra, fazendo com que esta pessoa repense seus conceitos. Não é uma tarefa fácil, alterar o modo como a racionalidade de uma pessoa funciona.
Existe uma fala do Malcom X que explica melhor a escolha por este pseudônimo: “As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos”.
Em outras palavras, as pessoas não mudam certos preconceitos e convicções sem levarem um choque de realidade em suas vidas.
Trabalhando nesta área, qual é a historia mais interessante que você tem pra contar?
Na verdade eu sou bem recente na fotografia, pois estou atuando há somente cinco anos, sendo que quatro deles foram na faculdade de fotografia.
Mas a história mais marcante para mim, sem dúvida alguma, foi o falecimento do pixador “NTICOS Guigo” durante uma filmagem que estávamos fazendo juntos para minha pesquisa fotográfica.
Não há muito o que falar sobre o acontecimento, somente assistir, pois as imagens são infinitamente mais contundentes do que qualquer coisa que eu possa falar.
Este é um audiovisual que fiz em Homenagem ao Guigo, que também expus na 29ª Bienal de Artes de São Paulo, e ele fala principalmente sobre os limites de arte, até onde cada um é capaz de ir para se expressar.
Para mim, atualmente, não há arte mais pulsante e em estado bruto como a Pixação de São Paulo.
Quais são seus próximos projetos?
No momento estou trabalhando em um projeto que tem como objetivo documentar aparições de OVNIS, que tem ocorrido entre a Serra da Cantareira e Zona Norte de São Paulo. Estas duas regiões, especialmente a Serra da Cantareira, são “Hot Spots” para a ufologia.
Quando vi o fenômeno pela 2ª vez em 2006 (o mesmo ano que passei a fotografar), decidi que em algum momento eu deveria documentar sistematicamente este tipo de acontecimento. Então no 2º semestre de 2010, após outro avistamento, decidi iniciar o projeto. Já possuo quatro registros contundentes em vídeo, nos quais aparecem as estruturas metálicas e discoides, alguns fazendo manobras em 90 graus, algo impossível para nossa aeronáutica.
Mas ainda não sei como vou formatar este material para ser apresentado.